MANUAL DA IGREJA E DO OBREIRO. JUERP. 1981. Bendito Jesus, tu, que és o meu Salvador, aquele cuja palavra venho, todos estes anos, procurando interpretar pela pregação e pela vida, aceita a minha sincera gratidão por todas as bênçãos que derramaste sobre mim pessoalmente e sobre o meu ministério. Recordo com gratidão os dias passados, mesmo os mais amargos e difíceis, porque foi neles que se acrisolou em mim o teu santo amor e senti, mais viva que sempre, a chama alentadora da tua presença. Nas augustas experiências do meu pastorado, em dias felizes ou em dias sombrios, encontrei o SHECHINAH do meu ministério, o Santo dos Santos no meu viver contigo e com os homens. Graça, honra e louvor sejam dedicados a ti, glorificado seja sempre o teu boníssimo Nome, Senhor meu e Deus meu, meu Salvador, meu Amigo! Senhor, a minha alma te rende louvores e também te dirige súplicas neste dia. Os anos mais fortes e vigorosos do meu ministério se acham quase todos no passado, assim o creio. Os que me restam não serão tantos em relação aos que já se foram, suponho. Rogo-te, pois, que, como fizeste até aqui, guies e norteies a vida do teu servo até o fim, dando-lhe luz para o caminho, graça abundante para o serviço, amor supremo para contigo e para com os homens. Guarda-me dos perigos da velhice hoje, como me livraste dos perigos da mocidade nos dias que se foram. O perigo de um espírito amargu rado e ciumento. O perigo das comparações injustas e cruéis. O perigo de pensar mais nos erros dos homens do que na tua sublime perfeição. O perigo de interpretar mal as atitudes dos colegas mais jovens. O perigo do exagerado ressentimento pela ingratidão humana, a ponto de perder de vista Aquele que permanece fiel. O perigo da falta de caridade nos meus conceitos e juízos. O perigo de só ver males no presente e coisas boas no passado. O perigo de prevenção contra os que, no ambiente da vida moderna, tomam diretrizes quiçá diferentes daquelas que eu tracei há trinta ou vinte anos anteriores. O perigo da impaciência e dos juízos temerários e precipitados para com as leviandades ou erros de colegas moços. Dá que eu possa mirá-los pelo meu próprio espelho dos anos idos e que assim possa ver neles não só as falhas que afloram do temperamento, mas também as virtudes e qualidades que lhes alicerçam o caráter, e, destarte, eu lhes divise, através de fracassos maiores ou menores, as possibilidades de soerguimento e restauração e o esplendor de uma vida vitoriosa. Que eu seja para com eles qual Barnabé para com Marcos. Ainda te suplico, meu grande Amigo, que me cures da vaidade e do orgulho, que tanto têm estragado as vidas de muitos servos teus, velhos e moços. Dá-me o espírito do Batista, em se tratando da nova geração de ministros teus, que vai surgindo, e eu diga, ao contemplá-los: "Importa que eles cresçam e eu diminua." Se eu não puder construir o Templo que ideei, dá-me a nobreza de espírito e o entusiasmo de ajuntar o material com que o vai construir o meu sucessor. Não importa que eles edifiquem, em grande parte, sobre os alicerces que eu e outros fundamos, mas, longe de me enciumar por isto, reveste-me do espírito porque diz: "Eu plantei, Apoio regou; mas o crescimento, Deus o deu." Ainda que eu tenha de processar o meu ministério na sombra do anonimato, louvado seja o teu Santo Nome e engrandecida seja a Tua Causa, quer fique eu conhecido, quer não. Em substituição a um espírito amargo, pessimista e ciumento, dá-me a perene mocidade de um santo e nobilitante entusiasmo pela Causa bendita. Sejam por mim lembrados os dias percorridos, não para amarguras e comparações odiosas, senão para santas recordações dos teus tratos e relações comigo; para lembrar a amizade de teu povo nas igrejas; as vidas que foram encaminhadas para as fontes da salvação pelo fraco instrumento que é o teu fraco servo; os cultos solenes; as decisões de pecadores que, entre lágrimas e soluços, vieram aos teus pés; as conversões e os batismos; a música solene dos grandes dias; os cânticos altissonantes do santuário no Dia do Senhor; as orações que elevaram aos páramoscelestiais os nossos corações alentados. Ó Senhor, se tantos motivos há para uma doce e agradecida velhice, por que hei de andar sombrio e taciturno? Oh! não, eu levantarei o meu coração até a tua augusta presença e minha alma rejubilará, e não verei motivos para amargura e displicência, vivendo nas altitudes espirituais em que tu me soergues! Vai comigo, meu Senhor, meu Mestre e meu Amigo, até o fim da jornada. Dá que eu viva realmente na tua presença, e sinta, cada vez mais, cada dja mais, a realidade das palavras do teu grande servo: “POR ISSO NAO DESFALECEMOS; MAS, AINDA QUE O NOSSO HO MEM EXTERIOR SE CORROMPA, O INTERIOR, CONTUDO, SE RENOVA DE DIA EM DIA”.(II Cor. 4:16).
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terça-feira, 12 de abril de 2011
SÚPLICA DE UM VELHO PASTOR
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